72 dia para ver no que dá

O saldo do carnaval já ficou para trás, há quem diga que o ano só começa depois dele, mas que em ano de Copa essa folia se estende mais um pouco, mas... E a conta da Copa do Mundo, quem é que paga?

As obras dos estádios da Copa têm sido marcadas pelos frequentes atrasos nos prazos de entrega, superfaturamento e acidentes, que ao todo já contabilizam 8 mortos envolvidos nas obras. O último acidente aconteceu na Arena Corinthians, onde o operário Fábio Hamilton da Cruz morreu após sofrer uma queda de 8 metros de altura, no último dia 29. No mesmo estádio, onde será realizada a abertura do Mundial, outros dois homens perderam a vida na queda de um guindaste, no dia 27 de novembro do ano passado.

Os protestos continuam, os custos totais já ultrapassaram 10 bilhões de euros, o que é mais que o dobro do orçamento inicial e, mais ainda para um país que tem tantas outras áreas essenciais em situação precária, precisando de melhorias. Estádios que futuramente se tornarão verdadeiros elefantes brancos, ou poderão ser transformados em hospitais de qualidade, escolas e moradia para a população?

"Imagina na Copa" se tornou o grito da torcida que vai à luta por mais qualidade de vida e menos futilidade. "Aeroporto lotado, trânsito parado, o caos tá implantado" diz a letra que satiriza aquilo que infelizmente é a realidade. 

Em dias normais, a infraestrutura dos aeroportos e das rodovias já não é suficiente para suportar a demanda da população local, o que será de tudo isso com pessoas conhecendo nosso país e precisando se locomover para lá e para cá? Sem contar nos motoristas de táxis, guias turísticos e recepcionistas de hotéis que praticam o inglês ao estilo Joel Santana. Complicado.

Com inúmeros problemas que ainda temos para resolver, o Brasil decidiu dar a cara à tapa e arriscou sediar o Mundial. Até o mês passado, dos 12 estádios que irão receber os jogos, 5 ainda não estavam prontos. O tempo está correndo e agora sobra para os funcionários dobrarem os plantões para suprirem a falta de capacidade e responsabilidade daqueles que comandam. 

A única coisa que eu realmente espero, não é uma taça dourada intitulada de "hexa". Eu desejo que os 14 aeroportos sejam o suficiente para suprir as necessidades de gringos e brasileiros, que o trânsito flua, que os preços não sejam exorbitantes, que haja hospedagem para todos, segurança, atendimento à saúde, acomodação e, principalmente, respeito. E isso não tem que acontecer só em 2014, por ser ano de Copa do Mundo, por haver pessoas visitando nosso país. A qualidade tem que ser de praxe, para nós, brasileiros que pagamos altos impostos, vivemos com um mísero salário, sofremos por falta de qualidade de todos os setores públicos, enquanto alguns senhores e senhoras, vestidos com ternos de grife, enfiam nosso dinheiro sabe-se lá onde.