Crônica: A vida tem disso

A maré voltou a subir, molhando aquilo que há dias estava seco. Foi força maior e aquela criança que sorria com seu castelo de areia, que aparentava estar perfeito, desmoronou. Pôs-se a chorar.

Crianças são assim. Adultos também. Às vezes se enganam, às vezes acreditam demais e também se esquecem das coisas. Não somente os velhinhos.

Felizmente, aquela criança que agora deixa as lágrimas rolarem pelo rosto com vestígios de areia, ainda tem guardado suas ferramentas pequeninas para construir um novo castelo. Ainda mais forte, resistente e bonito.

Logo o choro vai embora e dá lugar há mais um belo sorriso, que esteve inibido por um instante. O avô se aproxima e passa a apá, o baldinho e a forma de estrela. 

Lá vai ela tentar novamente. Dessa vez por optou um local um pouco mais seco e distante do perigo daquelas ondas inesperadas. A vida tem disso.

E quando chega a hora de ir embora, por um minuto reluta contra a mãe, faz birra, bate o pé, mas depois entende que aquele castelo poderá ser um motivo para alguma outra criança sorrir.

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