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  • 03/10/2013

    Crônica especial: Três vezes o seis

    Quando você não dá nada para aquela loja esquisita, na esquina de um café. Um loja colorida e escura demais, já está cansado de procurar, e então, eis que surge uma boneca muito simpática.

    Na prateleira mais alta, a menor boneca, a última da fila, porém a primeira a saber. Discreta como pede sua posição de pequena mulher, e das pequenas, a mais forte.

    Sua pequinez é para disfarçar o tamanho do seu coração. Tão amável!

    As coisas se compensam, não é?

    De um minuto para o outro, a boneca se joga no chão, faz birra, levanta, corre, brinca, pula, puxa o cabelo das amigas da frente e sai assobiando, como quem nada fez.

    Depois, num sopro de instantes, o pedacinho de menina já virou mulher. Dá conta de uma família inteira e ainda é capaz de criar uma vaca, que voa. Imersa em uma grade curricular inteira, sem deixar escapar uma obrigação. 


    Ela é esperta, um dia desses fora encontrada em uma máquina fotográfica, captando sua vida, bem lentamente, lindamente.


    Pequena boneca, pequena enciclopédia. Pequena loucura.

    Qual a idade pra virar gente séria? Adultos brincam de boneca?

    Toda idade é idade pra gostar de brinquedo. Para cada ano de vida, um adereço novo ao vestido da pequena menina, botões de doces, broches de amores, retalhos de aventuras, rendas de festas, paetês de músicas, miçangas desajeitadas de bebidas, pedrinhas de medos superados, manchas de tinta de livros novos, raspas de lápis de vaidade feminina, gliter de madrugadas acordadas, tachinhas de corpo quente, letras de conversas fora de hora, recortes doidos de independência, linhas dispostas de correria, penas de sucesso, fitas de liberdade, bordados de amor ao céu e respingos de lembranças. 

    São dezoito sabores diferentes para fazer o batom da bonequinha. Dezoito sonhos, desejos e medos. Mas da prateleira mais alta, da loja mais estranha, descobriu-se a boneca dezoito vezes mais especial.

    Texto de Geovana Mara

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