Se frio é psicológico, o meu está muito abalado

Escolher se o frio entra ou não ainda não é uma opção de nós, meros mortais. Nesse planeta exorbitante de clima alucinado onde vivemos, o calor exagerado some fazendo-nos sofrer com sua ausência sem ao menos dar tchau e dizer quando volta. Então, nos vemos em um vazio, perdendo energia térmica para o meio externo, desejando como nunca, uma boa coberta ou um corpo para nos aquecer.

Entre tremidas, arrepios, “grrrrrr”, cachecóis enrolados no pescoço, luvas que nos impedem de desbloquear a tela do celular ou digitar uma simples frase corretamente, sempre tem alguém para despertar seu extinto mais primitivo de revolta com a frase “frio é psicológico!”. Não tem como olhar para o termômetro marcando 7º graus e ainda acreditar nessa. Existe um frio psicológico, mas não é esse que estamos sentindo.

Tudo é questão de atenção, você pode escolher morrer de hipotermia no trabalho às oito da manhã ou sair pelado do banho, no ápice da baixa temperatura durante a tarde, cantando, feliz, sem nem perceber que está nevando dentro do banheiro. 

O frio realmente existe, ou melhor, não existe, o que existe é a ausência do calor egoísta que some e vai embora, mas enfim, o corpo sente a baixa temperatura e sofre com isso, nos faz tremer loucamente, arrepia tanto quanto um beijo no pescoço, mas com a força da nossa mente poderosa tipo jedi, podemos transferir a atenção do sistema nervoso, que nessa altura já deve está irritadíssimo com o meu pé gelado, para outras sensações sinestésicas, como uma música, um som, um barulho, luzes, qualquer coisa que atraia mais do que o gelo do ambiente.

Sentir frio não é exatamente uma opção, ao contrário de algumas pessoas, loucas, e fortes, ainda não conseguimos, aqui no Brasil, deitar sem camisa na neve e não morrer logo em seguida. Então se seu amigo engraçadão falar que o frio é psicológico coloque-o em uma banheira cheia de gelo e peça pra ele cantar, dançar, tentar se distrair, afinal, é psicológico, né?

Texto de Geovana Mara