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  • 04/10/2017

    Crônica: Aprendi a laçar com flores

    Lembro-me que na última primavera, quase me deixei desesperar pelo fim de um rolinho de fita. Bobagem! Mal sabia eu o aprendizado que a vida estava para me trazer.

    Quando faltavam os materiais, e eu sentia que não ia conseguir, que já não tinha mais por onde tentar, ela vinha, sorrateira e curiosa. Parecia uma musa encantadora. Parecia não... Era, de fato. Nunca vi Joaninha mais perfumada!

    E ela vinha, parecia que até tinha hora marcada, onde eu nem sabia que alguma coisa ia acontecer. Era sempre quando eu já não tinha mais inspiração, não tinha nem mesmo gás pra colocar luz no lampião. Ela aparecia, vinha com patinhas delicadas, como um carinho de dedo.

    E ela falava muito, mesmo sem dizer nada. Falava o suficiente pra fazer girar a minha mente. Pra fazer tudo colorir, ter cheiro de novo. Conseguia, até, enxergar bem no meio da escuridão.

    Mas também ela era bem pontual. Revolucionava aquele instante e ia embora. Joaninha danada. Era certo que deveria ter muita coisa pra fazer.
    Os meus dias foram passando dessa forma. Quando a inspiração não me faltava, eu sentia que ela estava bem. Apesar de querer ver aquelas anteninhas, que sabiam de tudo sobre tudo, eu ficava era bem satisfeita de imaginar essa joaninha arrasando, pela vida a fora.

    E foi essa bichinha esperta que sussurrou pro meu sexto, sétimo, oitavo, sei lá qual... sentido! Essa bichinha veio me lembrar o que eu, apesar de parecer esquecer, sempre me esqueço de não precisar ser lembrada. Mas mesmo sem precisar, ela me lembrou o que eu já disse não esqueço:

    Embrulhar a melhor parte da primavera, anualmente.

    Então me recordei que há 365 dias, eu fiquei foi bem nervosa, achando que os laços iam se acabar, do jeito que eu disse lá em cima. Dessa vez já tratei logo de pegar os melhores ramos, os caules mais verdes, as folhas mais bonitas. Juntei tudo com harmonia, entrelacei tudo e esperei a Joaninha aparecer.

    Ela nem imagina, mas deu o laço no próprio presente!

    Eu adoro embrulhar a primavera! Hoje e sempre!

    Texto: Geovana Mara

     

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